Orientações de Saúde
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Nesta seção você encontrará informações e orientações de saúde.
As infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são extremamente comuns, no geral possuem etiologia viral e são autolimitados mas representam um dos principais motivos na prescrição desnecessária de antibióticos.
Definições
Resfriado – É causado por um vírus, na maioria das vezes Rinovírus, os sintomas presentes podem costumam ser leves, como obstrução nasal, rinorreia (corrimento nasal), dor na garganta, febre baixa, tosse seca e mal-estar.
Gripe – Infecção causada pelo vírus Influenza, este patógeno possui um comportamento sazonal, preferindo o inverno. São altamente mutáveis, e por isso ocorre as epidemias e surtos. Inicia-se com febre alta, tosse seca, dor de garganta, acompanhado de mialgia (dor muscular), cefaleia e artralgia (dor nas juntas). Os sintomas costuma durar 7 dias, e a febre desaparecendo no terceiro dia.
Laringite – A inflamação da mucosa da laringe, recebe o nome de laringite e cursa com disfonia (rouquidão), é causada por etiologia viral, podendo ser o vírus da Gripe, Rinovírus, Caxumba ou Sarampo. Os sintomas associados dependem da etiologia, quando causado pelo vírus do resfriado comum, obstrução nasal, rinorreia e dor na garganta são relatados pelo paciente.
Rinite – A rinite é a inflamação da mucosa nasal, costuma ser de etiologia alérgica e clinicamente se apresenta com rinorreia, obstrução nasal e pode estar associado a asma e dermatite atópica.
Sinusite – Definido como obstrução do óstio de drenagem dos seios faciais. Frequentemente cursa com tosse produtiva ou não, sensação de aperto na região frontal da cabeça, dor a palpação dos seios faciais e presença ou ausência de febre. Tendo como grande parte das vezes causa viral, sendo desnecessário o uso de antibióticos.
Diagnóstico de resfriado comum
•Início gradual com evolução autolimitada, podendo durar de 3 a 7 dias;
•Febre baixa e intermitente;
•Presença de obstrução nasal, coriza, espirros;
•Dor na garganta e/ou rouquidão;
•Tosse seca inicialmente depois produtiva;
•Perda de apetite;
•Mal-estar geral, indisposição.
Conduta
No geral, as IVAS são autolimitadas, são utilizados medicamentos sintomáticos para amenizar o impacto no dia a dia do paciente. Comumente se utiliza analgésicos simples como dipirona ou paracetamol, associado a anti-inflamatórios não esteroides ou glicocorticoides, podendo ser atribuído anti-histamínicos se histórico alérgico, descongestionantes nasais, antitussígeno e até mesmo o mel.
As medidas não farmacológicas são extremamente importantes, cessar tabagismo (passivo ou ativo), evitar contato com potenciais alérgicos (pelo de animais, poeira, pólen) e manter uma boa alimentação. O tratamento com antibiótico não é utilizado de forma empírica na rotina, critérios da mudança do padrão da secreção nasofaringea não são parâmetros para a utilização de antibiótico.
No caso da Gripe, o Ministério da Saúde recomenda tratamento com antiviral (Oseltamivir) para pacientes que possuírem fatores de risco, citamos como exemplo os imunossuprimidos, gestantes, crianças menores ou iguais a 2 anos, idosos maiores ou iguais a 60 anos, pacientes com nefropatias ou hepatopatias.
A vitamina C e o zinco não são utilizados no plano terapêutico, evidências de que o uso suplementar reduza a incidência de IVAS não está comprovado. Com relação a vitamina D, há estudos conflituosos a respeito do tempo de duração da sintomatologia nas IVAS, sendo o uso não recomendado.
O exercício físico e uma boa alimentação são essencial para funcionamento adequado e efetivo do sistema imune.
Ações preventivas
Por fim, a atenção básica tem como papel a prevenção primária, com a educação em saúde e proteção específica, deste modo, ações educacionais como lavagem de mãos, cobrir a boca ao tossir e espirrar, evitar contato, não compartilhar objetos de uso pessoal e uso de máscara facial, são eficazes na redução da transmissibilidade dos agentes etiológicos.
A vacinação também é eficaz na prevenção das infecções, no Sistema Único de Saúde as vacinas recomendadas no calendário vacinal são a vacina contra o vírus Influenza, contra o Haemophilus influenzae do tipo B, e tríplice bacteriana.
Referências
Cadernos de Atenção Básica
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_demanda_espontanea_queixas_comun_cab28v2.pdf
Guideline IVAS – Guideline IVAS Infecções das Vias Aéreas Superiores
https://www.aborlccf.org.br/imageBank/guidelines_completo_07.pdf
Tratado de medicina da família e comunidade – Gustavo Gusso, José M. C. Lopes, Lêda C. Dias – 2ª edição, volume 2, capítulo 154.
É um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral. De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico. De acordo com a OMS, a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%). A época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade.
Estudos mostram prevalência ao longo da vida em até 20% nas mulheres e 12% para os homens.
Fatores de risco
Histórico familiar;
Transtornos psiquiátricos correlatos;
Estresse crônico;
Ansiedade crônica;
Disfunções hormonais;
Dependência de álcool e drogas ilícitas;
Traumas psicológicos;
Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
Conflitos conjugais;
Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.
Causas
Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético. Estima-se que esse componente represente 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;
Bioquímica cerebral: há evidencias de deficiência de substancias cerebrais, chamadas neurotransmissores. São eles Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor;
Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença.
Sintomas
Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro. Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o desejo de por fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar;
Anedonia: perda de interesse ou prazer de coisas cotidianas ou de situações que tinha antes;
Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
Insônia ou sonolência: A insônia geralmente é intermediária ou terminal.
Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carbohidratos e doces;
Redução do interesse sexual;
Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.
Diagnóstico
O diagnóstico da depressão é clínico, feito pelo médico após coleta completa da história do paciente e realização de um exame do estado mental. Não existe exames laboratoriais específicos para diagnosticar depressão.
Prevenção
Manter um estilo de vida saudável:
Ter uma dieta equilibrada;
Praticar atividade física regularmente;
Combater o estresse concedendo tempo na agenda para atividades prazerosas;
Evitar o consumo de álcool;
Não usar drogas ilícitas;
Diminuir as doses diárias de cafeína;
Rotina de sono regular;
Não interromper tratamento sem orientação médica.
Tratamento
A Depressão é uma doença mental de elevada prevalência e é a mais associada ao suicídio, tende a ser crônica e recorrente, principalmente quando não é tratada. O tratamento é medicamentoso e psicoterápico. A escolha do antidepressivo é feita com base no subtipo da Depressão, nos antecedentes pessoais e familiares, na boa resposta a uma determinada classe de antidepressivos já utilizada, na presença de doenças clínicas e nas características dos antidepressivos.
90-95% dos pacientes apresentam remissão total com o tratamento antidepressivo. É de fundamental importância a adesão ao tratamento, uma vez interrompido por conta próprio ou uso inadequado da medicação, pode aumentar significativamente o risco de cronificação. O tratamento pode ser realizado na Atenção Primária, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e nos ambulatórios especializados.
Outubro Rosa
Mulher: seu corpo, sua vida. Esse é o tema da campanha do Ministério da Saúde em 2024 para conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero, em alusão ao mês Outubro Rosa. Simbolizada por um autoabraço, reafirmando o protagonismo feminino e valorizando o autocuidado, a campanha foi lançada nesta terça-feira (1º) e será veiculada na TV, rádio, internet e em locais de grande circulação de pessoas em todas as regiões do país. “Essa mobilização coloca nós, mulheres, em primeiro plano, respeitando as nossas individualidades e valorizando o ato de observar o próprio corpo. O mês Outubro Rosa vai além da cor rosa, agregando como cores a diversidade dos tons de pele das mulheres brasileiras”, defende a ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçando que a campanha deste ano busca estimular a conexão das mulheres com a saúde, de forma que a prevenção e o diagnóstico precoce sejam algo contínuo em suas vidas e não apenas no mês de outubro.
Segundo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente em mulheres, após o câncer de pele. Para o Brasil, foram estimados 73,6 mil novos casos em 2024, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. É relativamente raro antes dos 35 anos, mas acima desta idade a incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. O Ministério da Saúde afirma que cerca de 17% dos casos podem ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis.
O câncer do colo do útero, por sua vez, é o segundo tipo mais comum entre as mulheres no mundo, depois do câncer de mama, e a principal causa de morte por câncer entre mulheres em muitos países. No Brasil, é o terceiro tumor mais incidente na população feminina com 17 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025, correspondendo a uma taxa de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.
Para a ministra Nísia Trindade, é preciso que a mulher conheça seu corpo para conseguir identificar quando algo não está certo e buscar atendimento. “É fundamental mantermos o nosso acompanhamento de saúde em dia. Essa é a melhor maneira de prevenir o câncer e outras enfermidades”, afirma.
Conheça a campanha Mulher: seu corpo, sua vida
Prevenção, diagnóstico e tratamento
Cuidados como a prática de atividade física e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo, ajudam a reduzir o risco de câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor. Um nódulo ou outro sintoma suspeito nas mamas deve ser investigado para confirmar se é ou não câncer de mama. Para a investigação, além do exame clínico das mamas, exames de imagem podem ser recomendados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. Prevenção, diagnóstico e tratamento estão disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV). A transmissão ocorre por via sexual, presumidamente por meio de abrasões (desgaste por atrito ou fricção) microscópicas na mucosa ou na pele da região anogenital. O uso de preservativos durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal. A vacinação contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS. Além disso, o exame preventivo contra o HPV - Papanicolau - é um exame ginecológico comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero.
CÂNCER DE MAMA
Sinais e sintomas
Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor;
Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
Alterações no bico do peito (mamilo) como retrações;
Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos.
Diagnóstico
Autoexame;
Exame clínico das mamas;
Exames de imagem como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética;
Biópsia, técnica que consiste na retirada de fragmentos do nódulo ou da lesão suspeita.
Tratamento
Cirurgia;
Radioterapia;
Quimioterapia;
Hormonioterapia;
Terapia biológica.
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Sinais e sintomas
Pode não apresentar sintomas em fase inicial;
Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual;
Secreção vaginal anormal;
Dor durante a relação sexual;
Dor abdominal;
Queixas urinárias ou intestinais.
Diagnóstico
Exame pélvico e história clínica;
Exame da vagina, colo do útero, útero, ovário e reto por meio de avaliação com espéculo;
Toque vaginal e toque retal;
Exame preventivo (Papanicolau);
Colposcopia;
Biópsia.
Tratamento
Eletrocirurgia;
Quimioterapia;
Radioterapia.
“O câncer de mama e o câncer de colo de útero são dois dos mais comuns entre mulheres no Brasil. Mas existe cura e prevenção. O diagnóstico e o tratamento para todos os tipos de câncer estão disponíveis no SUS, assim como a vacina HPV, para prevenção do câncer de colo de útero, e a mamografia, para a prevenção do câncer de mama”.
Novembro Azul: mês da conscientização sobre o câncer de próstata
O QUE É?
“A próstata é uma glândula do homem, localizada abaixo da bexiga, em frente à porção final do intestino (o reto) e que envolve o canal por onde passa a urina (a uretra). A doença acontece quando as células dessa glândula se multiplicam de forma desordenada e descontrolada, causando tumores, algumas vezes malignos”.
CAUSAS
Há fatores que podem aumentar o risco do câncer de próstata, entre eles a idade. “Sabemos que a chance de ter a doença aumenta com o envelhecimento do indivíduo, sendo uma doença muito mais frequente após os 60 anos”.
A obesidade e o histórico familiar da doença também são aspectos que podem aumentar as chances de surgimento do problema.
SINTOMAS
De forma geral, o câncer de próstata pode ser uma doença silenciosa, ou seja, pode não apresentar nenhum sintoma.
No entanto, com o avanço da doença, podem surgir alguns sintomas, como dificuldade, dor ou ardência para urinar, sangue na urina e sensação de não esvaziamento completo da bexiga. Em fases ainda mais avançadas, o pacienta também pode sofrer com emagrecimento e dores na coluna, por exemplo.
DIAGNÓSTICO
Para fazer o diagnóstico do câncer de próstata, alguns exames são indicados, como o PSA (exame de sangue que quantificar o antígeno prostático específico) e o toque retal.
Ao serem observadas alterações nesses exames e nos de imagem (ultrassom, tomografia e ressonância magnética), existe a necessidade de realizar uma biópsia.
“A biópsia é o procedimento que, de fato, vai confirmar o diagnóstico da neoplasia. Nesse procedimento, ocorre a retirada de fragmentos pequenos da próstata, que serão analisados no laboratório para confirmação da doença.
TRATAMENTO
“O tratamento depende diretamente da extensão da doença. No caso de estar localizada, podemos lançar mão da cirurgia, radioterapia combinada ou não à hormonioterapia. Já nos casos mais avançados pode-se ainda indicar quimioterapia, fármacos nucleares, novos agentes hormonais na forma de comprimidos. Todas essas possibilidades de tratamento hoje disponíveis dependem de avaliação médica criteriosa e multidisciplinar.
O PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA
A prática regular de atividade física é fundamental para reduzir o risco de desenvolvimento da doença, assim como pode ajudar os pacientes que foram diagnosticados com o problema e estão em tratamento.
A literatura científica nos mostra que os exercícios físicos contribuem para uma melhora geral do quadro de saúde e redução do risco de desenvolvimento de tumor, especialmente em relação a pessoa com comportamento sedentário.
Dr. Rafael Rossi Cassaro
CRM 6753
Médico IFES Santa Teresa
A febre Oropouche é uma doença causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus,identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir da amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então,casos isolados e surtos foram relatados no país, sobretudo na região amazônica,considerada endêmica.
O Ministério da Saúde monitora o cenário epidemiológico do Oropouche em todo o Brasil.Em 2024, foram confirmados 13.782 casos no país e em 2025 já são mais de 2.790 casos.
Os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e incluem dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia.
A transmissão do Oropouche é feita principalmente pelo inseto Culicoides paraensis (mais popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora). Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no inseto por alguns dias. Quando o inseto pica uma pessoa saudável, pode transmitir o vírus.
Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença: no ciclo silvestre, bichos-preguiça e primatas não-humanos (e possivelmente aves silvestres e roedores) atuam como hospedeiros. Há registros de isolamento do vírus em outras espécies de insetos, como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus.
Já no ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros. Nesse cenário, além do inseto Culicoides paraenses, o mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente conhecido como pernilongo e comumente encontrado em ambientes urbanos, também pode transmitir o vírus.
Dado o aumento de casos em 2024, com ocorrência de óbitos e a identificação de casos de transmissão vertical (da mãe para o feto) a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reitera a importância de se implementarem medidas preventivas, especialmente para gestantes. Entre elas:
Utilizar mosquiteiros de malha fina em portas e janelas, com orifícios menores que 1 milímetro, para evitar a entrada de vetores.
Usar roupas de mangas compridas e calças compridas, especialmente em casas onde houver uma ou mais pessoas doentes.
Aplicar repelentes de insetos que contenham DEET nas áreas expostas da pele.
Em situações de surto, evitar atividades ao ar livre durante o amanhecer e o anoitecer,quando a atividade dos vetores é maior.
Buscar atendimento médico em caso de qualquer sintoma suspeito.
Confira abaixo as respostas às dúvidas mais recorrentes e saiba como se prevenir.
1. Como o vírus Oropouche é transmitido?
A transmissão do vírus é vetorial, feita principalmente pelo inseto Culicoides paraensis (maruim). Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o inseto pode transmitir o vírus para uma pessoa suscetível.
2. O vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa?
Não. A transmissão é feita pela picada do inseto infectado.
3. Quais são os sintomas da doença?
Os sintomas são parecidos com os da dengue e de outras arboviroses: febre de início súbito, cefaleia prolongada e intensa (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios,fotofobia, náuseas e vômitos, diarreia também são relatados. Casos com manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia) e acometimento do sistema nervoso (ex., meningite asséptica, meningoencefalite, disautonomia) podem ocorrer. Nesse sentido, é importante que a vigilância em saúde seja capaz de identificar casos dessas doenças por meio da investigação dos aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais,e orientar as ações de prevenção e controle.
4. Qual é o tempo de duração dos sintomas?
Os primeiros sintomas aparecem entre 3 e 8 dias após a picada do inseto. Os sintomas duram de 2 a 7 dias, e o vírus permanece no sangue da pessoa infectada por 2 a 5 dias após o início dos primeiros sintomas. Parte dos pacientes (estudos relatam até 60%) pode apresentar recidiva, com a manifestação de sintomas após 1 a 2 semanas a partir das manifestações iniciais.
5. O que fazer se tiver suspeita de Oropouche?
Os sintomas de Oropouche podem ser confundidos com os de outras arboviroses e doenças febris agudas. Por isso, no início dos sintomas, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima. É importante permanecer em repouso, com acompanhamento médico e tratamento dos sintomas.
6. Há tratamento para o Oropouche?
Não há tratamento específico disponível. Os medicamentos prescritos podem auxiliar no alívio dos sintomas, como analgésicos para as dores e antitérmicos para controlar a febre, mas não atuam na causa da doença. Ao iniciar os sintomas, o paciente deve procurar imediatamente um serviço médico disponível no SUS.
7. Qual remédio posso tomar para tratar a doença?
Não se automedique. Em caso de sintomas, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima de sua residência.
8. Existe vacina contra o Oropouche?
Até o momento, não há vacina disponível.
9. Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do Oropouche é feito por avaliação clínica (sinais e sintomas compatíveis com a doença), laboratorial (resultado positivo para Oropouche) e epidemiológica (ocorrência de outros casos no mesmo local ou histórico de deslocamento do paciente para local com outros casos já identificados).
10. Quais são as medidas de prevenção do Oropouche?
As recomendações são:
Proteger áreas expostas do corpo com calças e camisas de mangas compridas, meias e sapatos fechados;
Evitar, se possível, a exposição aos maruins. O vetor tem atividade durante o dia, mas os momentos de maior atividade são ao amanhecer e no final tarde;
Usar telas de malha fina nas janelas ou mosquiteiros, com gramatura inferior a 1,5mm, que não permita a passagem do vetor;
Não há, até o momento, comprovação da eficácia do uso de repelentes contra o maruim. Porém, sua utilização é recomendada, principalmente para proteção contra outros mosquitos, como, por exemplo, Culex spp (pernilongo), Aedes aegypti, etc;
Até o momento, se desconhece a efetividade de inseticidas para controle do maruim, desta forma, a medida mais efetiva é o manejo ambiental, manter o peridomicílio limpo e o solo livre do acúmulo de material orgânico, principalmente folhas e frutos de plantações como bananeiras, cacaueiros, cafezais, etc;
Gestantes, se possível, não devem se ocupar da limpeza dos quintais ou de quaisquer outras atividades que apresentem risco de exposição ao vetor;
Há demonstração da presença do vírus Oropouche em urina e sêmen, mas ainda não está esclarecido o potencial de transmissão do vírus por esses meios. Assim, recomendase o uso de preservativos.
11. Em caso de infecção durante a gravidez, o vírus pode ser transmitido para o bebê?
Sim. Há casos confirmados de transmissão do vírus Oropouche da mãe gestante para o feto, mas ainda não é possível estabelecer a frequência com que isso ocorre.
12. Em caso de infecção durante a gravidez, o vírus pode afetar o bebê?
Sim. O Brasil foi o primeiro país do mundo a confirmar casos de transmissão vertical (da mãe para o feto) associados à infecção pelo vírus Oropouche. Os casos evoluíram para óbito fetal e anomalias congênitas. Mas ainda não é possível estabelecer a frequência com que isso ocorre.
13. Como é feito o atendimento para casos suspeitos da doença?
Atualmente, não se dispõe de vacinas nem de medicamentos antivirais específicos para prevenir ou tratar a infecção por Oropouche. A abordagem de tratamento é paliativa, com foco no alívio da dor e da febre, reidratação e redução de náuseas e vômitos. Todos os casos suspeitos devem ser testados laboratorialmente para detecção do vírus.
14. Existe um tempo de sintoma para a realização do teste?
Sim. Até o quinto dia do início dos sintomas.
15. Existe alguma recomendação específica para grávidas?
Toda gestante que apresentar febre ou sintomas compatíveis com Oropouche e outras arboviroses deverá ser acompanhada e monitorada durante todo o pré-natal.
16. Repelentes também podem ser utilizados como prevenção?
Sim.
17. O uso de telas de proteção nas casas ajuda na prevenção contra a doença?
Sim. Telas de malha fina em janelas e portas diminuem a possibilidade de contato com o inseto transmissor do vírus.
18. Quais são as sequelas do Oropouche?
Na maioria dos pacientes, a evolução do Oropouche é benigna e sem sequelas.
19. Existe algum comprometimento neurológico como sequela da doença?
Sim. Casos com acometimento do sistema nervoso (ex., meningite asséptica, meningoencefalite, disautonomia) podem ocorrer.
20. Oropouche mata?
Sim, o Brasil registrou os primeiros óbitos relacionados à infecção pelo vírus Oropouche. O Ministério da Saúde está conduzindo pesquisas sobre a evolução da doença.
21. Como controlar o avanço da doença?
O Ministério da Saúde está realizando pesquisas sobre ferramentas de controle do vetor. Por enquanto, a melhor forma de controlar a doença é por meio de medidas de proteção individual e coletiva.
22. Quais as ações efetivas do Ministério da Saúde para combater a doença?
Após ampliar a testagem de Oropouche para todo o país, o Ministério da Saúde intensificou a vigilância da doença. Estados e municípios foram orientados para a busca ativa de casos da doença e o manejo dos casos confirmados, sobretudo em gestantes.
A pasta tem realizado ainda visitas técnicas de apoio aos locais com identificação de casos, além da realização de seminários com pesquisadores e trabalhadores do SUS para compartilhamento e discussão dos avanços sobre a vigilância do Oropouche. Além disso, são conduzidas pesquisas sobre o vetor, sobre a doença e sobre ferramentas de controle do Oropouche. E promovidas capacitações para profissionais de saúde e de vigilância.
Todos esses trabalhos estão sendo conduzidos pela Centro de Operações de Emergências – Dengue e Arboviroses, que monitora, para além da dengue, a situação de Oropouche, os Chikungunya,Zika e Febre Amarela. A pasta trabalha ainda, em um plano nacional de enfrentamento às arboviroses, construído de forma coletiva.
Fonte: Ministério da Saúde, pulicado 31/01/2025.
DENGUE
A dengue é uma doença infecciosa viral que faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que representa um grande problema de saúde pública não apenas no Brasil, mas em vários países da América Latina. É transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Qualquer pessoa pode ser contaminada?
Pessoas de qualquer idade podem se contaminar, porém, as mulheres grávidas, pessoas com mais de 65 anos, indivíduos com doenças crônicas (como diabetes e hipertensão) e crianças até dois anos têm risco aumentado de desenvolverem a forma mais grave da doença e até mesmo outras complicações.
Importante ressaltar que o mesmo mosquito da dengue também pode causar outras arboviroses, como Chikungunya e Zika. Por isso, é tão importante o diagnóstico correto em uma unidade de saúde.
Como ocorre a transmissão?
O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, um mosquito urbano e diurno que se reproduz principalmente em depósitos de água limpa e parada. O vírus possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e por transfusão de sangue é extremamente rara.
Quais são os sintomas?
Nem sempre a pessoa contaminada com a dengue desenvolverá sintomas – ela pode ser totalmente assintomática ou apresentar um quadro leve.
Se a pessoa apresentar febre alta repentina (acima de 38ºC, podendo variar entre 39ºC e 40ºC) acompanhada de pelo menos dois desses sintomas abaixo, deve procurar um serviço de saúde para diagnóstico:
Dor de cabeça intensa
Dor atrás dos olhos
Dor no corpo
Dor nas articulações ou nos músculos
Prostração
Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. Mas atenção: se após o declínio da febre (entre o 3º e 7º dias do início da doença), outros sinais continuarem presentes, é preciso buscar novamente o serviço de saúde porque eles podem indicar a evolução para uma forma grave da doença e a piora do quadro apresentando os seguintes sinais e sintomas:
Dor abdominal intensa e contínua
Náusea e vômitos persistentes
Manchas vermelhas pelo corpo (hemorragias)
Acúmulo de líquido nas cavidades corporais
Sangramento de mucosas
Letargia e irritabilidade
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da dengue é basicamente clínico, com base nas manifestações clínicas apresentadas pelo paciente.
E Como é feito o diagnóstico laboratorial?
O diagnóstico laboratorial das infecções pelo vírus de dengue pode ser feito por meio de pesquisa de antígenos e anticorpos, detecção de genoma viral. No entanto, o diagnóstico correto com identificação específica do tipo do vírus é feito somente em laboratórios públicos especializados – são eles que conseguem identificar os principais sorotipos do vírus que estão circulando (Na Bahia, o LACEN é a referência diagnóstica).
Para o diagnóstico ideal a coleta do exame deve ser realizada até cinco (05) dias do início dos sintomas.
Qual o tratamento?
Não existe um medicamento específico para o vírus da dengue – o tratamento é baseado principalmente na reposição de líquidos e no controle de sintomas. Por isso é recomendado:
Repouso enquanto durar a febre
Ingestão de líquidos
Uso de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre
Interrupção do uso de AAS (ácido acetil salicílico) e de antiinflamatórios não hormonais (como diclofenaco, ibuprofeno, etc) a fim de reduzir o risco de sangramentos
Retorno ao serviço de saúde em caso de pioras dos sintomas ou conforme orientação profissional
Em geral, como a maioria dos casos serão leves, a recuperação completa acontece em torno de 10 dias.
Existe vacina?
Sim. A vacina Qdenga, que protege contra os quatro sorotipos da dengue, foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no início de 2023. Em dezembro, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) e o imunizante passará a integrar o Calendário Nacional de Vacinação em 2024 – esse imunizante requer a aplicação de duas doses. No momento está disponível para pessoas de 10 a 14 anos, conforme a lista de município elegíveis definido pelo MS.
Com isso, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde. Esta vacina também está disponível nos Centros de Imunização da rede privada.
O Instituto Butantan também está desenvolvendo uma vacina contra a dengue que até o momento apresenta resultados promissores – os resultados do estudo clínico com 16.235 voluntários apontaram uma eficácia de 79,6% com uma única dose do imunizante, o que é uma vantagem. A expectativa é apresentar os dados para pedido de registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no segundo semestre de 2024.
Existe outra maneira de prevenir?
Sim. Uma das formas de evitar a transmissão é o controle do mosquito vetor da doença —evitando deixar água parada em recipientes, pneus, vasos, calhas. Essa prevenção acontece por meio de ações dos órgãos públicos por meio de campanhas de orientação e visitas dos agentes de saúde às casas em busca de criadouros e por meio das ações pessoais.
É importante entender que adotar medidas de controle ao vetor é essencial para reduzir a transmissão do vírus.
Quando a epidemia se instala, ela segue seu curso e as ações de controle vetorial mostram pouca ou nenhuma efetividade.
A vacinação é mais uma ferramenta na busca pelo controle da doença, que continua causando epidemia no Brasil.
Posso ter dengue várias vezes?
Sim. Como existem 4 sorotipos diferentes da doença, uma pessoa pode se contaminar até quatro vezes ao longo da vida – cada vez por um dos sorotipos. A recuperação da infeção por um sorotipo proporciona imunidade vitalícia apenas contra ele.
Ao ser contaminada novamente por qualquer um dos outros sorotipos da dengue, o risco de desenvolver as formas graves da doença aumenta.
A doença acontece o ano inteiro?
A dengue é uma doença sazonal – costuma acontecer nos períodos mais quentes e chuvosos (especialmente entre os meses de outubro e maio). No entanto, aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor e da doença o ano inteiro.
Importância de cada um fazer a sua parte
O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam garantir as ações de controle vetorial realizadas pelo Agente de Combata às Endemias- ACE (visitas domiciliares e trabalhos em pontos estratégicos) e intensificar as ações da atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença. Um detalhe é que 80% dos focos estão dentro das residências.
Quais as ações do Governo do Estado?
A resposta do governo estadual à dengue inclui a distribuição de aproximadamente 12 mil kits para os agentes de Combate às Endemias, apoio para intensificação dos mutirões de limpeza com o auxílio das forças de segurança e emergência, além do apoio para ampliação do uso de bombas costais em diversas cidades e aquisição de novos carros de Ultra Baixo Volume (UBV), também conhecidos como fumacês.
Fonte: Governo do Estado do Espírito Santo
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